A Crise da Verdade

 

Por que é difícil deixar a homossexualidade? Neste artigo Bob Ragan apresenta algumas das razões, e como superá-las.

Vários eventos levaram-me a compartilhar os motivos pelos quais creio que certas pessoas parecem não receber ajuda de ministérios de apoio àqueles que enfrentam luta com a homossexualidade. O fato de maior motivação para este trabalho foi a leitura do livro de Jeffrey Satinover, A Homossexualidade e a Política da Verdade. Eu fortemente recomendo este livro, pois oferece uma importante discussão e dados que o mundo secular evita, seja de propósito ou por ignorância sobre o assunto.

No capítulo 13, o qual é entitulado: Tratamentos Cristãos, o Dr. Satinover afirma que “sempre haverão pessoas que procurarão mudança para suas vidas, porém sem sucesso, mesmo após muitos anos de esforços. Até mesmo de forma compreensível a nós, alguns destes indivíduos adotam uma postura ativista gay bastante visível, e tornam-se hostis em relação aos ministérios que abandonaram, pois acreditam que os mesmos os tenham enganado ou iludido.” Tenho conhecido alguns que não foram capazes de lidar com o processo de saída da homossexualidade e voltaram a envolver-se no velho estilo de vida. No entanto, entendo como eles se sentem, pois sei quão longo e penoso tal caminho pode ser.

Todavia, tenho dificuldade em sentir simpatia por aqueles que tornam-se ruidosamente militantes contra ministérios de apoio aos que lutam com a homossexualidade, após terem feito parte de tais ministérios. O fato é que a afirmação de que a mudança desejada não aconteceu em suas vidas pode ser resultado de suas próprias escolhas. Além disso, a afirmação de que tais ministérios não funcionam em geral não leva em consideração os muitos homens e mulheres que prosseguiram e venceram seus desafios, tendo-se tornado capazes de experimentar segurança em sua identidade heterossexual. Parece-me que para justificar sua escolha, aqueles que deixaram os ministérios de ajuda e tornaram-se militantes necessitam desacreditar os outros que persistiram na jornada.

Os conceitos abaixo fazem parte do que tenho experimentado e observado em outros durante os últimos nove anos. Procurei focalizar a atenção naquilo que creio constituir as razões básicas pelas quais os ministérios de ajuda parecem não poder ajudar alguns homens e mulheres. Não tenho a intenção de jogar vergonha ou condenação sobre aqueles que abandonaram os ministérios de ajuda; pelo contrário, desejo compartilhar o que creio tratar-se de algumas condições fundamentais para todo aquele que está passando pelo processo de mudança.

  • A Modificação do comportamento é apenas uma pré-condição para a mudança.

O tratamento de áreas de domínio de nossas vidas exige o reconhecimento de que não posso superá-las por mim mesmo. Em geral os israelitas respondiam a Deus com um sonoro “Sim, faremos isto!” No entanto, geralmente eles voltavam às suas velhas práticas pecaminosas. Muitas pessoas procuram nossos ministérios ao perceberem que não poderão encontrar vitória em sua luta isoladamente. No entanto, chegar a tal percepção nem sempre significa que chegaram ao fim de sua auto-suficiência. Em geral tentamos inicialmente mudar a partir de nossos próprios recursos; no entanto, somente o Senhor pode produzir mudança verdadeira, a qual exige nossa entrega e obediência a Ele.

A integridade sexual não pode ser obtida sem o poder de Jesus. Muitos tentam mudar através de atitudes legalistas, modificando os padrões carnais externos. No final da carta aos Colossenses Paulo pergunta por que é que nos colocamos novamente sob a lei de “não fazer isto ou aquilo” tendo já morrido com Cristo! O fato é que a modificação de comportamento pela lei não apresenta qualquer valor no sentido de controlar as indulgências da sensualidade (Colossenses 2:23). Alguns precisam o estabelecimento inicial de alguns limites com relação a comportamentos que viciam; porém, a decisão de mudar meu comportamento é apenas o início de tal processo, e não o alvo principal, ou o final da jornada!

Por outro lado, mudança duradoura tem a ver com a disposição do coração e da mente, e não apenas com a modificação do comportamento. Tal mudança (isto é, o não envolvimento em comportamentos que viciam) é apenas uma pré-condição para uma verdadeira mudança. Caso eu utilize comportamento como indicador de vitória, estarei perdendo o verdadeiro foco da questão (veja Colossenses 3:1-2) e estarei caminhando em direção ao fracasso. Caso faça isto, tal mudança estará dependendo de meu desempenho, o qual é dirigido pela carne, e não pelo coração. Nosso processo de mudança geralmente fica mais difícil quando nossos comportamentos pecaminosos começam a ser abandonados. Isto porque à medida em que deixamos de tentar escapar ou fugir de nossas dores emocionais através de nossos vícios, passamos a vivenciar nosso conflito com intensidade ainda maior. Portanto, neste estágio de nossa luta, somos confrontados com duas opções: retornamos aos nossos velhos mecanismos de fuga ou inventamos novos mecanismos, ou encaramos nosso conflito plenamente. Caso escolhamos a última opção, que sem dúvida é a mais difícil, começamos a experimentar a realidade do processo e mudança permanente.

Alguns podem achar que os ministérios de ajuda não funcionaram para eles por fundamentarem sua mudança somente na modificação de seu comportamento ou desempenho. Assim que conflitos mais profundos vêm à tona, exigindo perseverança de sua parte neste momento do processo, tais pessoas não entendem que é necessário que se entreguem ao Senhorio de Jesus Cristo, e que dependam apenas de Sua força e compreensão. Do contrário, tais pessoas passaram a confiar em sua auto-suficiência e portanto não conseguem prosseguir na longa jornada que faz parte da mudança.

  • A verdadeira mudança exige uma recuperação de longo prazo – toda a vida!

Eu creio que empregamos mal a palavra “cura”. Considere o seguinte: ser curado de um pequeno corte no dedo causado por um pedaço de papel é bem diferente de ser curado de um acidente de automóvel. Podemos experimentar cura emocional semelhante à cura de um pequeno corte no dedo, ou seja, um processo relativamente rápido. No entanto, também podemos experimentar a cura emocional como um processo de recuperação semelhante ao que ocorre após um grave trauma físico, como um acidente automobilístico ou algo parecido. Eu procuro limitar o uso da palavra “cura”, pois muitos comparam o processo de mudança como uma recuperação de um pequeno corte no dedo, e não de um trauma severo. Geralmente pequenos cortes sequer deixam cicatrizes, ao contrário dos grandes traumas. Este é o caso de nossa luta com a homossexualidade. Muitos indivíduos desejam que seu processo de mudança esteja de acordo com suas expectativas quanto a tempo e definição. Estas pessoas transformaram tal “cura” em seu alvo, e não o fato de estarem submissos a Jesus Cristo. Em geral estas pessoas medem seu grau de mudança pelos tipos de tentações que ainda enfrentam e/ou a presença ou não de atração pelo sexo oposto. De certa forma se esquecem de que enfrentar tentação é algo que todos enfrentaremos até o final de nossas vidas! Eu somente comecei a sentir atração (observe que não estou me referindo a lascívia sexual ao mencionar isto) em relação a mulheres após muitos anos; somente depois que Deus tratou de várias outras questões relacionadas a esta em minha vida.

Caso eu tivesse escolhido utilizar atração por mulheres e a falta de tentações como medidas de mudança, eu teria deixado o ministério muitos anos atrás. Ao invés disso, confiei em Deus no sentido de tratar meu processo de mudança como Ele sabe que deve ser tratado. Meu enfoque está em meu relacionamento com Ele, e não nas circunstâncias temporais do presente. Minha motivação provem do desejo de amor, e não do desejo de provar! Deus tem produzido mudança em minha vida de acordo com o Seu tempo, e não o meu. Esta mudança tem ocorrido com resultado de perseverança e confiança.

  • O Comportamento Homossexual não é mais uma opção aceitável.

Para muitos que estão lutando com esta questão, a opção em relação à homossexualidade ainda não foi resolvida. Há uma porta que ainda está aberta, em que o comportamento homossexual ainda é visto como algo que não é totalmente errado, ou ainda existe a ilusão de que há um príncipe ou princesa encantada esperando por mim em algum lugar. O coração destas pessoas ainda não tomou a decisão de que seguirá a Jesus, não importa o que venha a acontecer. Largo é o caminho que leva à destruição; enquanto eu considerar o comportamento homossexual como uma opção viável, não terei verdadeiramente abraçado o processo de mudança.

É importante ressaltar que experimentaremos incertezas e dúvidas durante o processo de saída da homossexualidade. À medida em que nossos conflitos ficarem mais intensos, maior será a pressão para que busquemos conforto nos velhos hábitos e mecanismos de escape, como forma de enfrentar a dor do conflito. Inclusive não é incomum que aqueles que estão lutando enfrentem períodos de comportamento pecaminoso à medida em que se aprofundam no tratamento de suas feridas emocionais. Apesar do fato de que alguns escolhem atividades homossexuais como forma de fuga da dor emocional, a esperança de mudança ainda está presente. Sei que posso caminhar em Sua misericórdia e graça, mesmo caso eu tenha um envolvimento sexual.

Na minha própria experiência, percebi que tinha que entregar a Deus meu “direito de ser puro.” Isto pode parecer estranho, mas enquanto eu procurasse atingir pureza (ou seja, ficar contando os dias e horas desde meu último envolvimento), eu não estava descansando na verdade de que Ele somente é a minha pureza. Eu sei que sou capaz de retornar a velhos hábitos nesta caminhada. Por outro lado, também sei que a minha pureza pessoal é resultado da minha identificação com Cristo, e não do meu desempenho!

No entanto, tenho que crer e tomar a decisão de que é verdade que a prática da homossexualidade é algo que Deus não aceita sob nenhuma circunstância. Trata-se de pecado. Qualquer forma de envolvimento sexual não é mais uma opção para mim. Como adulto, sou responsável por minhas escolhas; e a autoridade da Palavra de Deus estabelece que comportamento homossexual não é aceitável a Ele.

  • Todos nós enfrentamos os mesmos conflitos.

Minha luta não é diferente da luta de outras pessoas. Todos nós lutamos com algum tipo de pecado, e as raízes das nossas lutas são as mesmas. A manifestação exterior de nossa pecaminosidade pode ser diferente, porém interiormente todos carecemos igualmente da graça de Deus. Caso persista em enfocar apenas meu comportamento, é justamente ali onde permanecerei – na superfície, o que não resulta em mudança permanente. Temos que identificar as áreas mais profundas que nos estão destruindo e nos mantendo prisioneiros.

Sim, ministérios de ajuda podem não ajudar muito certas pessoas. Há aqueles que deixarão o processo, recusando-se a encarar as raízes profundas de seus conflitos, ou que estarão dispostos a comprometer a verdade. Estamos vivendo em um momento quando as pessoas estão em busca de gratificação e mudança instantâneas. No entanto, há um preço para se experimentar mudança, e este preço envolve seguir a Jesus, e morrer para tudo aquilo que não procede dEle. A morte não é uma experiência agradável! No entanto, embora meus sentimentos fiquem abalados em certas circunstâncias, sei que Deus continua constantemente presente em minha vida. Escolho não viver por meus sentimentos, mas sim depender de Sua misericórdia e graça. Eu escolho enfrentar minhas lutas aos pés da Sua cruz, em submissão e obediência. É aqui que ocorre a mudança verdadeira e duradoura.

Quero concluir com estas duas perguntas:

1) Você já decidiu seguir a Jesus, não importa qual seja o preço?

2) Você já fechou a porta para a opção da homossexualidade? Creio que estas são duas áreas cruciais que devem ser encaradas, as quais são fundamentais para o processo de saída da homossexualidade.